O namoro é um aprendizado do amor. Fomos criados para viver esse sentimento. Sem ele o homem e a mulher não podem ser felizes. Mas, afinal, o que é amar? O que leva muitos casamentos ao fracasso é a noção falsa que se tem do amor hoje. Há no ar uma “caricatura” do amor. Se eu lhe der uma nota de cem reais falsa, você não aceitará, pois ela não vale nada, e você ainda poderia ser incriminado por causa dela. Se você construir uma casa usando cimento falsificado, cuidado porque ela poderá desabar sobre a sua cabeça. Da mesma forma, se você levar para o casamento um amor falso, ele certamente desabará, pois o “cimento” da união é o amor. Para mostrar bem claro o que é amar, vamos iniciar mostrando o que não é amar. Amor não é egoísmo, isto é, preferência por mim, mas pelo outro. Se você come uma fruta com gosto, não pode dizer que a ama. Se você treme de paixão diante de uma menina e lhe diz : “eu te amo”, esteja certo de que você está mentindo, pois essa tremedeira é sinal de que você quer saciar o seu ego desejoso de prazer. Isso não é amor, é paixão carnal, é egoísmo. Se você está encantada com a beleza dele e se desdobra em declarar o seu amor por ele, saiba que isso também não é ainda amor, pois amor não é pura emoção ou sentimento.
Amar é muito mais do que isso, pois não é satisfazer a si mesmo, mas ao outro. Quando você disser a alguém “eu te amo”, esteja certo de que você não quer a sua própria satisfação ou felicidade, mas a do outro. Cuidado com as “caricaturas” do amor, porque estas são falsas e não podem fazer a felicidade do casal. Todo jovem tem sede de amar, mas, muitas vezes, o seu amor é mascarado e se apresenta falso e perigoso. Amar não é apoderar-se do outro para satisfazer-se; é o contrário, é dar-se ao outro para completá-lo. E para isso é preciso que você renuncie a si mesmo, esqueça de si mesmo. Você corre o risco de, insatisfeito, querer apaixonadamente agarrar aquilo que lhe falta; e isso não é amar. Assim o amor morre nas suas mãos. Você só começará a compreender o que é amar quando a sua vontade de fazer o bem ao outro for maior do que a sua necessidade de tomá-lo só para si, para se satisfazer.
As paixões sensíveis da adolescência não são o autêntico amor, mas a perturbação de um jovem que encontra diante de si os encantos e a novidade da masculinidade ou da feminilidade. É fácil entender que aqueles que quiserem construir um lar sobre esse chão de emoções estarão construindo uma casa sobre a areia. Muitos casamentos desabaram porque foram realizados “às cegas”, sem preparação para que houvesse harmonia, sem o aprendizado do amor. Amar é dar-se, ensina-nos Michel Quoist. É dar a si mesmo ao outro para completá-lo e construí-lo. Mas para que você possa verdadeiramente dar-se a alguém, você precisa primeiro “possuir-se”. Ninguém pode dar o que não possui. Se você não se possui, se não tem o domínio de si mesmo, como, então, você quer dar-se a alguém?
Se o seu coração bate acelerado diante de alguém que o atrai, isso é sensibilidade, não chame ainda de amor. Se você perdeu o controle e se entregou a ele, isso é fraqueza, não chame isso ainda de amor. Se você está encantada com a cultura dele, fascinada pela sua bela carreira e já não consegue mais ficar sem a conversa dele, isso é admiração, ainda não é amor. Mesmo que você esteja, até às lágrimas, diante de um fato chocante, isso é mais sensibilidade do que amor. Amar não é “ser fisgado” por alguém, “possuir” alguém ou ter afeição sensível por ele, ou mesmo render-se a alguém. Amar é, livre e conscientemente, dar-se a alguém para completá-lo e construí-lo. E isso é mais do que um impulso sensível do coração; é uma decisão da razão. Por isso, amar é um longo aprendizado, não é uma aventura como a maioria pensa. Não se aprende a amar trocando a cada dia de parceiro, mas aprendendo a respeitá-lo, tanto no corpo quanto na alma. Amar é uma decisão. E a decisão não é tomada apenas com o coração, empurrado pela sensibilidade. A decisão é tomada com a razão.
Quando amamos de verdade, nos tornamos livres de fato, pois o amor nos liberta de nós mesmos e das coisas que nos amarram.
Prof Felipe Aquino
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
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