segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Há coisas que somente devemos experimentar

Eu me recordo daquele dia. O professor de redação me desafiou a descrever o sabor da laranja. Era dia de prova e o desafio valeria como avaliação final. Eu fiquei paralisado por um bom tempo, sem que nada fosse registrado no papel. Tudo o que eu sabia sobre o gosto da laranja não podia ser traduzido para o universo das palavras. Era um sabor sem saber, como se o aprimorado do gosto não pertencesse ao tortuoso discurso da epistemologia e suas definições tão exatas. Diante da página em branco eu visitava minhas lembranças felizes, quando na mais tenra infância eu via meu pai chegar em sua bicicleta Monark, trazendo na garupa um imenso saco de laranjas. A cena era tão concreta dentro de mim, que eu podia sentir a felicidade em seu odor cítrico e nuanças alaranjadas. A vida feliz, parte miúda de um tempo imenso; alegrias alojadas em gomos caudalosos, abraçados como se fossem grandes amigos, filhos gerados em movimento único de nascer. Tudo era meu; tudo já era sabido, porque já sentido. Mas como transpor esta distância entre o que sei, porque senti, para o que ainda não sei dizer do que já senti? Como falar do sabor da laranja, mas sem com ele ser injusto, tornando-o menor, esmagando-o, reduzindo-o ao bagaço de minha parca literatura? Não hesitei. Na imensa folha em branco registrei uma única frase. "Sobre o sabor eu não sei dizer. Eu só sei sentir!" Eu nunca mais pude esquecer aquele dia. A experiência foi reveladora. Eu gosto de laranja, mas até hoje ainda me sinto inapto para descrever o seu gosto. O que dele experimento pertence à ordem das coisas inatingíveis. Metafísica dos sabores? Pode ser... O interessante é que a laranja se desdobra em inúmeras realidades. Vez em quando, eu me pego diante da vida sofrendo a mesma angústia daquele dia. O que posso falar sobre o que sinto? Qual é a palavra que pode alcançar, de maneira eficaz, a natureza metafísica dos meus afetos? O que posso responder ao terapeuta, no momento em que me pede para descrever o que estou sentindo? Há palavras que possam alcançar as raízes de nossas angústias? Não sei. Prefiro permanecer no silêncio da contemplação. É sacral o que sinto, assim como também está revestido de sacralidade o sabor que experimento. Sabores e saberes são rimas preciosas, mas não são realidades que sobrevivem à superfície. Querer a profundidade das coisas é um jeito sábio de resolver os conflitos. Muitos sofrimentos nascem e são alimentados a partir de perguntas idiotas. Quero aprender a perguntar menos. Eu espero ansioso por este dia. Quero descobrir a graça de sorrir diante de tudo o que ainda não sei. Quero que a matriz de minhas alegrias seja o que da vida não se descreve...
Padre Fábio de Melo

domingo, 14 de dezembro de 2008

Qual será o anúncio da Missão a que somos chamados a executar?

O anúncio do Evangelho, por dois mil anos, ofereceu à Europa e muitos outros paises a mais profunda possibilidade de transformação, enquanto influenciou suas culturas com a sua novidade. Hoje, porém, essa evangelização não pode ser considerada como conquista definitiva. Tantos cristãos identificam a fé com uma série de práticas devotas, mas não como plena adesão a Cristo. Outros foram colocados em crise pela difundida cultura secularizada e niilista e assumiram modelos éticos longe do Evangelho. O secularismo é o abandono da fé, da religião e da Igreja: uma vida sem Deus. O relativismo é o abandono das leis, dos mandamentos e da verdade: cada um decide como quer. Outros ainda são atraídos por experiências de espiritualidades que não têm raízes no húmus cristão. O próprio diálogo inter-religioso, que é um valor a ser cultivado convictamente, suscita, em muitos, dúvidas sobre a própria fé: por que crer à maneira cristã, e não à maneira dos muçulmanos ou dos budistas ou dos hinduístas? A 5ª Conferência dos Bispos da América Latina e Caribe, em Aparecida, apontou também, como desafio à evangelização, a iniqüidade social. Na Bíblia, o mistério da iniqüidade é o anti-Cristo, anti-reino, é o mal organizado, uma realidade diabólica. O continente latino americano tem o maior número de católicos e também a maior iniqüidade social. A globalização é um processo promotor de iniqüidades: criando estruturas que favorecem sistema econômico iníquo, onde a exploração dos mais pobres, a opressão e a exclusão geram o desprezo aos considerados descartáveis por não produzirem, pesados à previdência de saúde e aposentadoria. Põe-se hoje o problema de uma fé consciente, que nos faça crer e anunciar com força quanto recebemos da Palavra de Deus: "Ao nome de Jesus dobre-se todo joelho nos céus, na terra e nos abismos; e toda língua proclame: Jesus Cristo é o Senhor!" (Filipenses 2, 10-11). Ao início do terceiro milênio, João Paulo II convidou a Igreja para "partir de novo de Cristo" e indicou as linhas fundamentais de uma pastoral animada pela contemplação do Rosto de Cristo. Assim os bispos do Brasil apontaram o objetivo do plano de pastoral: Queremos ver Jesus, Caminho, Verdade e Vida, para sermos discípulos de Jesus e missionários do Evangelho. Bento XVI quis caracterizar o ano pastoral corrente como "Ano Paulino", justamente quando transcorrem dois milênios de seu nascimento. "O apóstolo Paulo, figura excelsa e quase inimitável, mas de qualquer maneira estimulante, está diante de nós como exemplo de total dedicação ao Senhor e à sua Igreja, bem como de grande abertura à humanidade e às suas culturas. Portanto, é justo que lhe reservemos lugar especial, não só na nossa veneração, mas também no esforço de compreender aquilo que ele tem para nos dizer, a nós cristãos de hoje." Qual será o anúncio da Missão a que somos chamados a executar? É o kerigma de Cristo nosso Deus e Salvador, morto e ressuscitado por nós. Pode ser sintetizado na Palavra de Deus escrita por João 3, 17: "Deus não mandou o Filho ao mundo para julgar o mundo, mas para que o mundo se salve por meio dele". É oferta e não imposição de Deus para nossa aceitação. O gesto de amor espera resposta de amor à iniciativa de amor de Deus. No texto evangélico estão sintetizados os elementos que estruturam a nossa fé em Jesus. De um lado, nós o proclamamos Filho de Deus, "gerado, não criado, da mesma substância do Pai"; de outro lado, anunciamos que ele se fez homem para nossa salvação. O nome de Jesus significa "Deus salva". Este anúncio vai ao coração das expectativas, esperanças do homem. Como não estar interessados na salvação? Muitas vezes, na verdade, contentamo-nos de referi-la a aspectos parciais de nossa esperança: a saúde, o trabalho, a economia, a família, o ambiente... A salvação trazida por Jesus não exclui a vida terrena, mas nos traz outras expectativas: o dom do infinito de que ele nos faz participantes da sua vida. O cristianismo é a notícia de que aquele infinito, ao qual aspira o coração humano, nos veio ao encontro com o rosto e o coração de Cristo, vivido e testemunhado pelos cristãos que se fizeram verdadeiros discípulos e enviados de Cristo.

Cardeal Geraldo Majella Agnelo

sábado, 6 de dezembro de 2008

Como ter Fé no Sofrimento

O neurótico é aquele que perdeu a fé e tem medo de tudo e de todos. O neurótico é sempre limitado e deixa de fazer muitas coisas na vida porque o medo o paralisa. É um medo acentuado que virou doença. A fé não combina com medo!
Revista-se de uma couraça que o proteja. Acreditar em Deus não é acreditar em absurdos! A experiência de Deus é o cuidado com a experiência humana. Uma palavra bem dita tem o poder de expulsar as maldições!

O jeito mais bonito de transformar o mundo é quando Jesus ganha espaço em nossa consciência. A palavra que ordena o mundo é a Palavra de Deus, a qual funciona como uma matriz, com valores que vêm de Deus e nos propõe suportar os sofrimentos do mundo. As lutas são estabelecidas o tempo todo. A experiência do limite não pode ser tirada da realidade humana. Não há como você ir ao combate se estiver despreparado.
Não conseguiremos sobreviver se não tivermos fé! Não seja vítima de sua vida. Esteja munido de forças humanas, psíquicas e espirituais. Fortalecei-nos no Senhor! Assim, no momento em que a vida parecer insuportável, você terá como resistir. Quais foram as grandes batalhas que você enfrentou? Você venceu ou perdeu?
Não é vergonha fracassar, pois somos humanos. Não é vergonha passar pelos seus limites, vergonha é não os ver. A maturidade nos ensina a não buscar culpados.
Uma palavra profética é uma ‘palavra amorosa’! As palavras amorosas não são de bajulação. Amor que é amor fere. Assim como na atividade física a musculatura precisa sofrer micro lesões para endurecer, e futuramente não doer.
Ninguém nos escondeu que seria necessário a disciplina. Que nascemos de um jeito e morremos de outro. Se não expuser seu corpo ao exercício necessário, você sofrerá. Mas falo do despreparo da alma. Como reagir diante de uma vida que não deu certo? Como dar testemunhos da fé se não teve sofrimento? Ou no momento em que tenho que conviver com os meus limites e aprimorar o meu ser?
Assim como a ostra: “Ostra feliz não faz pérolas”. Ostras são moluscos, animais sem esqueleto, macias, que representam as delícias da gastronomia que podem ser comidas cruas. Como não têm defesas, são animais mansos e seriam presas fáceis. Então, para que isso não acontecesse, a sua natureza as ensinou a produzir casas duras para as proteger.No fundo do mar, havia uma colônia de ostras felizes. Sabíamos que eram felizes porque dentro delas saía uma delicada melodia, uma música aquática, como se fosse um canto gregoriano. Todas cantando a mesma música, com a exceção de uma ostra solitária que fazia um solo solitário. As ostras felizes riam dela e diziam que ela não saía da depressão. Não era depressão. Havia entrado um grão de areia em sua carne que doía muito. Ela não conseguia se livrar deste grão de areia, mas conseguia se livrar da dor, em virtude de suas arestas e pontas que envolviam o grão com substâncias brilhantes. Enquanto tentava se livrar da dor, cantava seu canto triste. Um dia passou um pescador por ali e levou-as todas para sua casa e sua esposa fez uma sopa de ostras. Deliciando-se com as ostras, seu dente bateu em uma substância dura e brilhante: era uma pérola. Apenas a ostra sofredora faz pérolas.
Isso é verdade para as ostras e para os humanos. A resposta é que ela não se entregou porque foi capaz de transformar a tragédia em beleza. A felicidade é um dom que deve ser simplesmente gozado. Ela se basta, mas não se cria.
Na dor e na dificuldade de sua vida, você precisa encontrar um jeito nobre e diferente de os sentir. Esse cristianismo que não há sofrimento, não é humano. O cristianismo começa no Calvário! O Natal que vamos celebrar é trágico, revestido de beleza, mas é trágico porque um menino que não tinha onde morar e ninguém para o receber, nasce em uma manjedoura. ‘Jesus veio na dor’. Deus entra no mundo pela força da dor. Jesus é o nosso Rei, mas nunca se esqueça que o seu Rei é ‘coroado de espinhos’. Só poderemos reconhecer a glória de Deus se revestirmos a alma que nos assemelha aos artistas, de revestir o cotidiano de uma beleza nobre. Nunca podemos descobrir a beleza do sofrer se não revestirmos o nosso cotidiano de uma beleza nobre.
Porque você acha que as multidões andavam atrás de Jesus? Porque Jesus era especialista em revestir a tragédia de beleza.
O pessimismo nos faz arriar. O pessimismo é a forma mais simplória de suportar a vida, pois não requer o aperfeiçoamento humano. O amor fere.
Porque você acredita em Deus? Não sabemos dizer, só sabemos que no momento que mais nos sentimos frágeis, cremos em Deus. Alguma coisa nos leva além de nós mesmos e não aceito a opinião pessimista. Revista-se da couraça da justiça, do poder do bom senso aprimorado. É dia de celebrar a vitória!
Revista-se dos poderes de Deus e permita que Ele faça a pérola em você, na sua dificuldade! É dia de celebrar a vitória!
As pessoas que fazem diferença na sociedade são aquelas que o autor conseguiu transcrever as dores do mundo em poema.
Sabe o que está faltando para a nossa vida? Recordar-nos de que somos capazes.
Chega de humanos que dizem: ‘Eu não dou conta’. Não temos o direito de dizer que não damos conta se não tentarmos. Neste Hosana Brasil 2008 temos que ter essa consciência de recordar o que Deus nos fez e o que somos, pois “Somos vencedores”.
Chega de lamentar-se, Deus tem projetos maravilhosos para você!

Pe. Fábio de Melo - Hosana Brasil 2008
Transcrição: Eliziane Alves

A maior das Vitórias é a nossa Fé

A Liturgia deste primeiro sábado do Advento nos trás o Evangelho de São Mateus onde compreendemos a beleza do chamado deste evangelista. Ele testemunha que o Senhor passou por ele, quando estava na coletoria de impostos. Jesus simplesmente olhou para Mateus e disse: “Vem e segue-me”. É esta experiência que hoje, nós também podemos experimentar neste Hosana Brasil.
A fé no Novo Testamento significa a aceitação de uma pessoa e de toda as suas exigências. Quando Jesus, curou e operou milagres na vida de tantos que o Evangelho narra, Ele dizia: “A tua fé te salvou”. Ele estava dizendo: “agora você está aceitando-me e também todas as minhas exigências”.
Fé é a aceitação de uma pessoa e suas exigências. E quem é esta pessoa? É Jesus. É a Ele que nós seguimos e acolhemos todas as exigências, que vem pela a aceitação de Jesus Cristo, na fé impressa em nosso coração. É a essa fé que nós devemos nos entregar, porque Jesus é o motivo pelo qual estamos aqui e proclamamos que nossa família foi restaurada.
Hoje eu atendi uma senhora que me dizia que ela vem em todos os eventos na Canção Nova, até hoje ela não deixou de vir a nenhum Hosana Brasil. Relatava que deixou a filha doente em casa, com um problema grave no estômago e que deveria fazer uma cirurgia de risco no estômago, e ela disse a filha que estava vindo para a Canção Nova e que aqui ela dobraria o joelho e o problema seria resolvido.Ela veio e ficou uma hora de joelhos diante do Santíssimo Sacramento, acreditando que Jesus poderia operar o milagre. Enquanto ela estava na Canção Nova o estômago da filha queimava, e ao voltar ao médico, a enfermidade da filha tinha desaparecido para glória do Senhor Jesus.
Por isso nós dizemos que a maior das nossas vitórias é a nossa fé em Jesus Cristo nosso Senhor e Salvador, Aquele que pode todas as coisas. O milagre acontece exatamente na adesão a fé em Jesus Cristo.
O Hosana Brasil é para agradecermos, mas nós também temos os nossos pedidos e se você está agora proclamando Jesus Cristo como Senhor tenha fé de que o Senhor está te atendendo.
O Papa Bento XVI escreveu uma Encíclica para a Igreja neste ano “Salvos pela esperança”. No número dois desta encíclica ele diz que o cristianismo não é apenas uma Boa Nova, ou seja uma comunicação de conteúdos até então ignorados, em linguagem atual diz o Papa: “a mensagem cristã não é só informativa mas performativa.” Isto significa que o Evangelho não é apenas uma comunicação de realidades que se podem saber, mas uma comunicação que gera fatos e que muda a vida. Quantos podem testemunhar que tiveram a vida mudada pelo Evangelho, você é a maior testemunha disto, e por isso nós estamos aqui para celebrar a vitória da nossa fé, nós cremos no Evangelho, cremos em Jesus Cristo e por isso cremos com a Igreja e cremos com o Papa. O Evangelho gera fatos e muda vidas.
Eu dos 13 aos 18 anos vivi nas drogas, nos movimento punk, rock e bailes funk do Rio. Eu sou do Rio de Janeiro e um dia eu tive uma experiência com a Pessoa viva e ressuscitada, atual, forte, poderoso, grandioso e que responde pelo nome de Jesus Cristo. O nosso redentor e salvador, a nossa fé. E quando eu tive essa essa experiência com Ele pregado por este homem o profeta Jonas Abib que pregava: “o pecado quer nos destruir”. Desta experiência com este Evangelho anunciado com intrepidez e ousadia, ele dizia: “Deixa essas músicas, essas fotos que estão na parede do seu quarto” - parecia que ele estava ali no meu quarto - e aquelas palavras foram entrando em mim, então eu tomei a decisão de deixar definitivamente as drogas e o álcool e me modelar por Jesus Cristo. Eu ainda estou me modelando, mas já posso testemunhar que o Senhor mudou a minha vida.
Nós precisamos crer que a maior das nossas vitórias é a nossa fé em Jesus Cristo que liberta, que levanta o caído, que liberta os jovens das drogas e do álcool. Tem trinta anos que a Canção Nova está anunciando este Evangelho e nós temos mostrado pessoas que tiveram suas vidas mudadas por causa do Evangelho.
Até Jesus voltar a Canção Nova estará anunciando este Evangelho que gera vida nova. Eu acredito no Evangelho que muda vida, que continua atual, o Evangelho que cura, liberta e salva e que nesta tarde está transformando o meu coração.

Pe. Róger Luís - Hosana Brasil
Transcrição: Célia Grego

A Procura de Deus

Quem é o vencedor do mundo senão aquele que é o filho de Deus? Esta é a vitória: a nossa fé, que vence esse mundo!
Vamos celebrar a nossa vitória em Jesus Cristo! Vamos agradecer pela vitória da perseverança naquele que é o único sentido da vida do homem. O importante é celebrar! Eu, padre José Augusto, sou feliz e apaixonado por Jesus Cristo! Passei por muitas provas e tribulações, e tiveram momentos em que queria desistir, mas não dava para desistir.
No Evangelho de São João no primeiro capítulo, João Batista - que preparou os caminhos de Jesus para nós, estava batizando nas margens do rio Jordão e de repente passa uma pessoa e João aponta dizendo: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. E começaram a seguir Aquele homem. Segue o que eles disseram a Jesus: “E, avistando Jesus que ia passando, disse: Eis o Cordeiro de Deus. Os dois discípulos ouviram-no falar e seguiram Jesus. Voltando-se Jesus e vendo que o seguiam, perguntou-lhes: Que procurais?” ( João 1, 36-38).
É a pergunta que o Senhor faz a você: “O que você está procurando? ” No Hosana Brasil há uma multidão, e Jesus lhes pergunta: “O que você está procurando?”
Deus está sempre olhando para nós porque Ele é presente: “Como Jesus soubesse tudo o que havia de lhe acontecer, adiantou-se e perguntou-lhes: A quem buscais? 56 Quando lhes disse Sou eu, recuaram e caíram por terra. 7 Perguntou-lhes ele, pela segunda vez: A quem buscais? Disseram: A Jesus de Nazaré. 8 Replicou Jesus: Já vos disse que sou eu. Se é, pois, a mim que buscais, deixai ir estes” Responderam: A Jesus de Nazaré. Sou eu, disse-lhes. (Também Judas, o traidor, estava com eles.) (João 18, 4-8).
A quem estás procurando? O Evangelho de São Lucas nos fala que havia uma mulher atrás de Jesus, e nela havia sete demônios que Ele expulsou. Só que agora ela se deparou com uma situação: este homem está morto e acabou o sentido da vida dela. Ele morreu: A quem buscais? Ele morreu. E no dia seguinte ela foi ao túmulo dele para fazer o último gesto de carinho, mas quando ela chega ao túmulo ela começa a chorar. E ela chorou, chorou e chorou. E em João 20, 15 e 16 diz: “Perguntou-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem procuras? Supondo ela que fosse o jardineiro, respondeu: Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste e eu o irei buscar. Disse-lhe Jesus: Maria! Voltando-se ela, exclamou em hebraico: Rabôni! (que quer dizer Mestre)”.
No ano de 1985, eu, padre José Augusto andava a procura de algo nas igrejas. Eu ia a Santa Missa para participar e sentava do lado da menina mais bonita, e Jesus me perguntava: “a quem está procurando?” Eu dizia que procurava uma mulher. O momento mais importante para mim naquela época, era na hora de segurar na mão da pessoa do lado. E saía procurando e procurando. Mas eu era um cristão que achava que Deus estava morto. Então, porque procurar um morto? Eu era um cristão que vivia na igreja como se o dono dela não existisse, e eu procurava a uma mulher.

Estou falando isso porque há pessoas que vão à Igreja a procura de pessoas e não “da pessoa”. Quando vamos à Igreja, vamos em busca de Jesus. Mas Ele me procurava. Eu fugia e Ele me procurava. Ele está atrás de você!
Jesus está vivo no meio de nós e continua presente! Enquanto eu, Padre José, procurava uma pessoa, eu ainda não estava feliz. No dia em que tive o encontro com o Senhor, que estava tão perto e me acompanhava, pude ter a verdadeira paz e gozo. Desde que fui formado, Jesus entrou em minha vida e começou a me proteger. Fui crescendo, mas numa determinada idade me afastei, mas Ele continuou me acompanhando. Um dia quando abri a Bíblia e comecei a ler, o Espírito Santo veio a mim, e aquilo que era uma ‘teoria’ tornou-se realidade! Um presente! Eu entrei Nele e Ele em mim! Senti uma paz e um gozo que nunca havia sentido antes. Eu disse: “Jesus, eu não troco isso por nada neste mundo!”
Comecei a perceber que Jesus estava vivo! Creio que Ele é o meu Senhor! Via as pessoas sofrendo, mas acreditando que Jesus estava com elas. Passado um tempo elas gritavam a vitória diante das dificuldades, porque Ele não as abandonava. Neste tempo eu vi paralíticos andar, pessoas enxergarem, casamentos restaurados e assim por diante. Fui percebendo que Ele continua atuar no meio de nós. A partir disso, percebi que era o Senhor quem eu procurava, e não quero nunca mais O abandonar. O sentido da vida é no Senhor!
“Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (João 15, 5). Eu comecei a perceber que a minha confiança não estava no Senhor, e sim nas pessoas. E elas iam morrendo e me decepcionavam. Eu ficava com raiva. Foi assim até encontrar “a pessoa” - Jesus. Jesus é o Senhor que dá sentido a sua vida, e sem Ele nada podemos fazer!
A quem você está procurando?
“A minha alma tem sede de Deus” (Salmo 41,3). Nós temos sede do Deus vivo! Porque Ele não está morto e sim vivo! Jesus assumiu a cruz, ressuscitou no terceiro dia e está vivo! Ele está agindo em nossa vida!
A quem procurais?

Pe. José Augusto - Hosana Brasil
Transcrição: Eliziane Alves

-->

Em quem está minha confiança?

A Igreja nos convida a termos esperança. Talvez você seja uma pessoa que está diante de muitas situações do dia-a-dia em um clima de falta de esperança.
Veja o Evangelho: Mateus 9, 27-31
No caminho, indo para a casa de Jairo, Jesus encontra uma mulher que era considerada impura porque sofria de um fluxo de sangue. Esta mulher também estava desanimada, mas ela ouviu Jesus e pensou que se Ele O tocasse ela seria curada. E Jesus diz a ela: “Vai a tua fé te salvou.” E a mulher ficou curada.
Jesus partindo da casa de Jairo, encontrou dois cegos e fez uma pergunta para eles, e hoje Ele faz a mesma pergunta a mim e a você: “Você crê que eu posso te curar?” Bem a resposta dos cegos foi: Sim Senhor! Tem muito cristão por aí que age como se Deus não existisse, e por isso eu fiz esta pergunta desafiadora. Se uma pessoa crê, ela não se desespera.
O Papa Bento XVI em suas catequeses tem falado: “Cristo ressuscitou e continua agindo no meio de nós”.Ontem tinha uma pessoa aqui que chorava muito, pensava em suicídio. Nesta era da auto-ajuda as pessoas dizem: “Você vai conseguir, você tem força”. Mas quando ela não coloca a confiança em Deus e sim em si mesma, então se desespera, porque só Jesus pode nos tirar das situações difíceis da vida.
Em Lucas 18, Jesus diz: “Quando o Filho do Homem voltar, Ele vai encontrar fé sobre a terra?”
Será que você que está numa situação financeira difícil, com tantas contas a pagar, as pessoas te ligando e cobrando, você percebendo que o dinheiro não entra, você até está rezando, pedindo para o Senhor te tirar desta situação, mas isso talvez esteja demorando um pouquinho. Você terá fé para esperar? É preciso dizermos como Davi: “De onde virá o meu socorro?” E Davi responde: “O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra”.
O nosso socorro vem daquele que está no meio de nós, vivo e ressuscitado, Ele está na tua casa, tomando conta de você, te protegendo.Você vai perceber que desde o começo deste ano, você foi passando pelas dificuldades, e foi superando porque Ele está com você. Talvez a sua situação hoje ainda esteja difícil, mas hoje Jesus pára diante de você e te pergunta: Você crê?
Nós não estamos sozinhos, precisamos crer que Ele está no meio de nós. O Salmo 138 é para você celebrar a vitória de Deus na sua vida. E o Salmo diz: “Para onde irei longe do vosso Espírito, para onde fugir apartado de vosso olhar”.
Vou resumir em poucas palavras o que ele acabou de dizer: Não tem para onde fugir, é o Senhor que me envolve, eu posso cair e Ele vai estar lá para me levantar.
Mas você pode perguntar: Por que Ele ainda não me tirou desta situação? Porque Ele está esperando que você saiba de uma coisa: que só Ele pode lhe tirar desta situação, por isso é preciso saber esperar no Senhor. A minha fé não está no ter ou não ter; esta é a nossa certeza: tendo ou não, Ele está no meio de nós, nós não estamos sozinhos.
A nossa referencia é Jesus. Ele nunca vai nos decepcionar! E mesmo que você confie numa pessoa, esta confiança não pode ser superior a sua confiança em Jesus, porque, Ele não decepciona. Então coragem!Eu sei que os jornalistas estão dizendo que o próximo ano será difícil, mas Nosso Senhor Jesus Cristo está conosco, é assim que nós devemos caminhar. É assim que nós devemos entrar neste ano que se aproxima.Os ventos estão aí, as chuvas, mas nós precisamos crer, Ele está caminhando conosco. Nós temos que dizer sempre: Sim Senhor eu creio! E assim vamos percebendo a vitória de Deus na nossa vida.
Pe. José Augusto - Hosana Brasil - Missa de Abertura
Transcrição: Célia Grego

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Autoridade: conquista ou imposição?

Líder é aquele que abraça uma causa junto com os seus.
Algumas pessoas exercem sobre outras certa influência, seja por admiração, por fascínio ou por projetar nos corações um algo a mais para suas vidas. Sentimentos assim nascem a partir do testemunho que a maioria vê nesses homens e mulheres que se destacam. O ser humano tem a necessidade de ser guiado e busca, como referência nos semelhantes, algo que sacie a sua sede de ser melhor. Essas pessoas, geralmente, são carismáticas, inteligentes e têm um espírito de liderança. Esse talento acontece naturalmente, desde crianças; em brincadeiras, empresas, escolas, instituições, trabalhos voluntários e também em ambiente religioso. Jesus era um líder nato. Todo o Seu ser atraia multidões. "Quando Ele terminou estas palavras, as multidões ficaram admiradas com o Seu ensinamento. De fato, Ele as ensinava como quem tem autoridade, não como os escribas" (Mt 7, 28-29). Nosso Senhor conquistava as pessoas. Ele não impunha uma doutrina como faziam os escribas e os fariseus. Seu ensinamento vinha do testemunho de amor que Ele não só discursava, mas que demonstrava em toda sua vida. O amor incondicional era o Seu principal atrativo; e continua sendo ainda hoje. Ao estar à frente de pessoas, antes de tudo, Ele observava o que cada um tinha de melhor, sem deixar de corrigir o que era preciso. As pessoas se deixavam conduzir porque encontravam alguém que acreditava nelas. O líder oferece de si e ensina o que sabe, sem medo de ser superado, porque quer que as obras dos seus discípulos sejam até maiores que as suas. A autoridade vem da conquista de corações! Líder é aquele que abraça uma causa junto com os seus, não se abstendo das responsabilidades e trabalhos que isso pode causar. Não coloca sobre seus subordinados, discípulos ou aqueles que lhe são confiados, o peso da sua vaidade e idéias próprias. O filho obedece verdadeiramente o pai, quando ele [filho] se sente amado, pois, acredita que o pai lhe quer bem, ainda que custe sacrifício. Assim também acontece na relação de professores e alunos, patrões e empregados. O amor impulsiona atitudes dignas de confiança recíproca. Na verdade, quem ocupa uma posição de autoridade é servo de quem ele comanda. Assim ensinou o Mestre Jesus: "Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve." (Mt 20,26). Ou ainda: "Pois o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos" (Mc 10,45). Ao contrário desse ensinamento, os escribas e fariseus praticavam uma autoridade que os colocavam em lugar privilegiado para serem chamados de mestres e vistos por todos. "Amarram fardos pesados e insuportáveis e os põem nos ombros dos outros, mas eles mesmos não querem movê-los, nem sequer com um dedo" (Mt 23,4). Hoje, existe muita informação sobre liderança, palestras para empresas, cursos universitários, tudo para formar novas cabeças que comandarão pessoas e almas, tanto no campo da política como no da ciência, da informação, da religião, entre outros. Mas o verdadeiro líder não precisa ocupar um cargo ou posto, mesmo sendo o último de uma hierarquia, ele age como Jesus, acreditando no potencial das pessoas e tirando de dentro delas o melhor que cada um pode ser. Ou seja, o que forma o outro são os sentidos mais nobres dentro de nós: a misericórdia, o acreditar nas pessoas e, principalmente, o amor, o amor do coração de Jesus. Que esse amor esteja firme dentro dos nossos corações!
Deus lhe abençoe!
Fraternalmente
Sandro Ap. Arquejada

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Nós cremos na vida eterna

O Advento é o tempo da esperança cristã. O Papa Bento XVI, em sua Encíclica "Spe Salvi" (Esperança da Salvação), apresenta ao mundo uma forma de entendimento da fé e da esperança na vida eterna muito peculiar. Ele apresenta uma interpretação da Carta aos Hebreus, no capítulo 11, versículo 1, na qual o autor sagrado aproxima a fé e a esperança: "A fé é hypostasis das coisas que se esperam; prova das coisas que não se vêem". Hypostasis é uma expressão grega que ao ser traduzida para o latim, corresponde a substantia, no português "substância". Então podemos ler: "A fé é a 'substância' das coisas que se esperam; a prova das coisas que não se vêem."
O Sumo Pontífice, nessa interpretação, nos apresenta que o cristão materializa hoje aquilo que espera para o amanhã. A vida eterna, para a qual fomos criados, é antecipada pela fé. Nós cremos na vida eterna, e por isso mesmo podemos desde já experimentá-la. Acreditar na vida eterna, portanto, é trazer todos os seus frutos para a nossa vivência atual, na carne. Somos destinados a uma vida nova, no paraíso, na presença de Deus com os Seus anjos, com os santos, com a Virgem Maria, e Jesus, o nosso Redentor. Esta é a esperança cristã: nascemos e passamos pela vida da carne, para ressuscitar pela força de Cristo, para esta vida eterna.
E como alcançar esta meta: pela fé. Mas uma fé "materializada", isto é, uma crença ativa, que comporta ações que antecipam o céu. Isso porque as pessoas que não vivem em conformidade com a santidade que existe no céu, não poderão estar eternamente nele. No céu só há lugar para o que é puro e santo. A nossa vida presente terá que apresentar a Deus uma santidade compatível com Ele, para estarmos em na presença d'Ele. Mas como alcançar isso? Pela fé em Jesus Cristo, pela participação em Sua vida, pela Liturgia, especialmente pela Eucaristia, na qual o pão se torna outra substância: o próprio Cristo.
Em Jesus Cristo somos capazes do céu. Por isso há a necessidade de cada pessoa humana se encontrar pessoalmente com o Senhor, com a Sua doutrina, e acreditando n'Ele, comungando-O no banquete Eucarístico, possuir a vida eterna. Crer na vida eterna é viver em conformidade com Cristo. São Paulo nos atesta: "Não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim" quando teve seu encontro com o Messias e aderiu ao projeto de amor d'Ele, de forma incondicional.
Nós cristãos cremos na vida eterna e que a nossa vida presente é um caminho para chegarmos à nossa verdadeira morada. Mas isso implica uma revisão de vida, uma luta constante, para que nossa fé em Jesus Cristo se cristalize em atos de amor ao próximo, que é a expressão daquilo que existe no céu: o amor. A fé precisa materializar-se como amor entre as pessoas, pois é nessa perspectiva que podemos afirmar nossa crença, não com palavras, mas em gestos concretos. Muitos, neste tempo do Advento em que se pensa no final dos tempos, poderiam mudar os seus discursos e se preocuparem com a vida: as suas próprias vidas, a vida de seus semelhantes, e fixarem os olhos na esperança futura, cujo penhor nos foi dado por Jesus Cristo Nosso Senhor. É nisto que queremos crer: na vida eterna, que nasce numa vida em comunhão de amor com Cristo e com os irmãos.

Diácono Paulo Lourenço
Comunidade Canção Nova

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O amor Personalizado de Deus

Amor é uma das palavras mais difíceis de conceituar em nosso mundo. A necessidade ou a conveniência foram gerando diversos significados para esta palavra, a meu ver, todos eles com certo teor de verdade, mas necessitados de contextualização. Minha intenção, no momento, não é de trabalhar os contextos do amor e sim as diferentes faces do amor de Deus.
Deus nos ama com toda a sua capacidade infinita de amar, não sabe amar menos, toma a iniciativa sempre. No entanto a vida humana se desenvolve num complexo ambiente com fases diferenciadas, momentos próprios e por isso a nossa necessidade de amor é alterada também.
Uma criança, por exemplo, não pode ser amada com um amor de homem-mulher, isso não atende a sua necessidade e ainda poderia provocar deficiências em seu amadurecimento interior, e Deus sabe disso. Deus ama a todos igualmente, mas não nos ama com um amor genérico e por isso descompromissado com nossa identidade, Seu amor vai se configurando a nossa necessidade, quase que podemos dizer que por amar pessoalmente cada um, Deus ama de forma diferente, em estilo, e igual em intensidade. Amor pessoal, único em sua expressão. A cada momento somos amados da forma adequada e diferenciada.
Exatamente por sermos reflexos do amor de Deus, nós também não amamos a todos do mesmo jeito. Se assim o fizéssemos, seríamos injustos, porque o amor de verdade deve tocar a individualidade de cada um, amar do jeito certo e como o amor é criativo, encontra a forma individual e única de ser fecundo em cada pessoa. Não adianta pensar que amaremos a todos de forma igual, isso não é possível. Sabendo disso estaremos evitando o risco de nos sentirmos pouco amados simplesmente por sermos amados de forma diferente que os outros.
Para compreender o amor divino podemos observar as imagens dele existentes no amor humano, um exemplo fácil é o de uma mãe, com a mesma intensidade de amor ela ama de uma forma os seus pais, de outra o seu esposo, de outra os seus filhos e de outra os seus amigos. Será que o que muda é a intensidade do amor? Não, o que muda é o estilo dele, suas características e não sua profundidade.
O amor na forma e na dose certa é como um medicamento, um fortificante ou uma vitamina, não é ele quem leva ao desenvolvimento, mas é ele que garante que o processo da vida não sofrerá atrofias ou danos permanentes, nossa identidade surge a partir do estilo de amor que recebemos. Descobrimos-nos filhos a partir do amor de pai e mãe, nos descobrimos irmão a partir do amor de nossos irmãos. É o amor que abre nossos olhos a nossa própria identidade, é ele quem dá a sobriedade de vida e nos faz amar e gostar de nós mesmos, desejando sempre ser melhor.
Que Deus te abençoe e te faça crescer sempre em seu amor.
Padre Xavier – CN